domingo, 18 de setembro de 2011

O DESCARTE DA MANIPUEIRA NA REGIÃO DA ZABELÊ-IRAQUARA-BAHIA

É de extrema importância estudar e conhecer os costumes da nossa região, na busca de entender determinados aspectos que demandam a evolução e a transformação do povo, para que possam seguir as mudanças mundiais (Globalização), geradas pela necessidade do acompanhamento do processo evolutivo do planeta. Mas nem tudo se transforma, acompanhando essa evolução. O exemplo disso tem os habitantes “isolados” nas áreas de floresta, mas que vivem saudáveis, seguindo seus próprios costumes, que passam de geração a geração.
As comunidades pequenas dos sertões nordestinos, vivem seguidas pelos sérios problemas da falta de chuva, que castigam, excluem, retaliam, matam. Os meios alternativos de vida estão atrelados às pequenas produções e criações adaptadas ao clima e ao solo da caatinga, que fazem parte do município de Iraquara-Bahia, limitando assim, produções que pudessem ser grandiosas. Os produtos cultivados são aqueles adaptados a essas condições, tais como: milho, mamona, feijão, aipim e mandioca.
A mandioca por sua vez, é uma planta cultivada a partir do plantio feito com as “manivas”, que são os pedaços selecionados do caule, com os quais são enterrados na época das chuvas, para que ocorra o brotamento e assim desenvolvendo as raízes, matéria prima para a produção da farinha e o tucupi (tapioca), que estarão dispostos na mesa do sertanejo como complemento alimentar. Muitas vezes, encontramos o produto já pronto e não paramos para imaginar seu processo de fabricação? Quantas e quem são as pessoas envolvidas na tarefa? De onde veio a matéria-prima utilizada na fabricação dos subprodutos? Se há riscos desde o plantio até o momento de se saborear. A fabricação desses subprodutos da mandioca gera um resíduo conhecido por MANIPUEIRA, que é uma substância carregada de componentes químicos, reunidos, desde as raízes até as folhas da planta. Produto que tem um alto poder contaminante, devido à ação dos agentes químicos como Ácido Cianídrico (HCN), a Acetona CH3(CO)CH3, dentre muitos outros.
A alta produção de derivados de mandioca na região da comunidade denominada Zabelê, no município de Iraquara, estado da Bahia, nos remete a um ponto-chave que gira em torno da inutilização do material considerado pelos produtores, como lixo, resultante do processamento da matéria-prima, e que vem sendo lançado no solo de forma talvez inconsciente. Essa caracterização da idéia da não-consciência dos benefícios causados pela utilização correta da manipueira na agropecuária pode estar levando a esse derramamento no solo, onde, com a alta concentração do ácido cianídrico e outros componentes químicos, no local do descarte, o material se infiltra e acaba matando os microrganismos que ajudam na manutenção do terreno. Será que o processo de conscientização resolveria o problema? Será que poderíamos conter o descarte, e passar a utilizar a manipueira como aditivo químico/orgânico para o aumento da produção dos derivados, tanto vegetais quanto animais?
É um caso de suma importância a se pensar, pois a produção não pode parar, bem como o meio ambiente tem que se encontrar em condições favoráveis para que possa oferecer tudo o que o homem necessita. Em suma, produzir e consumir é inevitável, preservar e proteger é imprescindível.



Fotos tiradas em Vitória da Conquista-Ba, que mostram de maneira bem clara o desperdício e descarte inconsciente da manipueira no solo.

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